domingo, 28 de julho de 2019

A vida do Rei do Ritmo na telona


O documentário Jackson – Na batida do pandeiro é um filme que faz o espectador pedir bis e causa um misto de alegria e nostalgia de um artista que transpirava música. Não dá para assistir só uma vez depoimentos riquíssimos, como o da sua ex-mulher e ex-dançarina Almira Castilho, contando os pormenores da hilária vida conjugal. O lado emocional também está presente no documentário, que mostra não só o seu brilhantismo mas a faceta humana, através de amigos e de Neuza Flores, viúva de Jackson. A forma natural e engraçada de falar, na entrevista coletada de arquivos, ainda em preto e branco, com seus trejeitos que trazem um sentimento de pertencimento a nossa terra paraibana. O mais bonito é que Jackson tinha orgulho de ser paraibano e a sua origem já se entregava na própria fala, com expressões como “gota serena”, "bixiga" e "Casa de chapéu", que enchem nossos ouvidos de encantamento. Dono de um talento tão grande que não coube no Nordeste, Jackson foi bater no Rio de Janeiro, onde já era famoso e se tornou até ator. Porém, sempre teve orgulho de dizer de onde veio. Segundo ele, o pessoal achava que ele era ou da Bahia, ou de Pernambuco, mas ele sim era de Alagoa Grande, no interior da Paraíba, próximo a Campina Grande. Ver artistas consagrados, como Gal Costa e Gilberto Gil, expressando sua admiração por ele é ótimo. Mas ver Alceu Valença contando como ele e Geraldo Azevedo conheceram Jackson, com direito a imitação do timbre e cadência da voz, é impagável. Esse foi um momento cômico do filme que me tirou lágrimas de tanto rir. A narrativa do documentário se inicia com uma voz de rádio vinda da cidade berço do ritmista, e se encerra com imagens aéreas, a partir do pandeiro em sua homenagem. O silêncio, nesse último momento, representa não só a falta do seu corpo material mas, principalmente, a presença da sua alma e memória que nunca serão esquecidos. O diretor Marcus Vilar e sua equipe, prestam assim, um grande serviço para a posteridade com essa obra cinematográfica que vai levar para essa e futuras gerações o conhecimento de quem foi o grande Rei do Ritmo, que nasceu como José Gomes Filho, se auto apelidou Jack Perrin, mas que se imortalizou como o nosso eterno Jackson do Pandeiro.

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