quinta-feira, 9 de junho de 2011

Retrospectiva do curso de Mídias Digitais

Em Agosto de 2010 começou o segundo semestre letivo do ano na Universidade Federal da Paraíba. Era a vez de alunos de cursos novos terem sua chance de estudar na UFPB. Mas, infelizmente, muitas turmas estavam sem sala. Esse foi o caso da turma de Mídias, que só teve a disponibilidade provisória de duas salas, em um prédio que foi construído para treinamento de servidores, um mês antes das aulas começarem. Uma das salas seria o laboratório e a outra a sala de aula normal.
O primeiro semestre da turma de Mídias digitais foi traumático. A sala não tinha ventilador, tinha cadeiras desconfortáveis de madeira e mal comportava os sessenta alunos. A desistência foi grande, tanto que ao término do período, a turma só tinha 45 alunos. Os mais fortes resistiram e tiveram sua recompensa: um mês antes das férias começarem os ar-condicionados chegaram à sala e ao laboratório. Mas a turma ainda não tinha computadores, pois o laboratório não tinha grades para a segurança necessária. A instalação das grades, dos computadores e persianas só aconteceu cinco dias antes das férias.
O prejuízo da turma foi: algumas disciplinas em que os alunos estavam matriculados, como imagem digital e editoração, necessitavam de computadores. Os alunos tiveram que aprender tudo na teoria.
O pesadelo parecia estar acabando, quando notou-se a repentina paralisação da obra do prédio onde o curso se instalaria. Acontece que, em Agosto, o prédio não tinha nem sua base pronta, mas como o coordenador de Mídias Digitais, Olavo Mendes, pressionou a reitoria, as obras foram iniciadas. Retomando a paralisação, a empresa que ganhou a licitação para construir o Departamento de Mídias Digitais faliu. Isso acontecia pela segunda vez, desde novembro de 2009. Com nova licitação, outra construtora tocou a obra e os alunos tiveram nova esperança.
Enquanto isso, eles pagavam fotografia digital sem câmera, pois entre pedidos, leiões, envios e recebimentos, numa saga burocrática sem tamanho, as câmeras só chegaram quando o primeiro período já tinha terminado. Resultado: menos um mês de férias. Em pleno fevereiro, os estudantes tiveram que voltar às aulas na UFPB e pegar as câmeras para fazer os trabalhos referentes a nota de fotografia. Lá vinha mais um semestre e no sistema de autoserviço do portal da universidade constava reprovação por falta para todos nessa disciplina. Até que, quase três meses depois, a nota entrou e o CRE dos alunos foi retomado.
No entanto, os prejuízos não pararam por aí. Por falta de estúdio, a disciplina de áudio digital foi antecipada, sendo ministrada no lugar de áudio analógico. Os alunos pagaram áudio II antes de áudio I. Os computadores já estavam no laboratório, mas nem todos. O Demid dispunha de 60 macs, dos quais apenas 30 estavam instalados. Os outros ficaram encaixotados nesse mesmo laboratório.








Além disso, existe um vazamento de água do ar-condicionado do laboratório onde ficam os computadores. A água cai justamente no local onde há um amontoado de fios, o que representa um sério risco de curto-circuito e danificação das caras e recém-adquiridas máquinas. Os alunos tentam evitar um acidente colocando um balde para aparar a água.










Indignados com a estagnação da construção, que com o passar do tempo e dos semestres letivos não sai do lugar, os alunos do Demid se organizaram, criaram uma paródia e gravaram-na na obra parada. O vídeo foi postado no youtube e sua repercussão foi tanta que em menos de uma hora chegava ao local das aulas uma equipe de reportagem do Jornal da Paraíba. Alguns minutos depois, outra equipe, dessa vez da TV Cabo Branco, contactava os estudantes para outra reportagem. A segunda foi gravada na dita obra, no dia seguinte. Choveram tweets e retweets, indicações, compartilhamentos pelo facebook e orkut.
No momento, os alunos aguardam uma atitude do reitor que até então só tem tentado se defender alegando que o curso de Mídias digitais tem equipamentos de primeiro mundo e já está instalado em um prédio novo.
Quem tiver visão crítica verá que não adianta ter equipamentos e não ter onde colocá-los. E aos alunos resta protestar até conseguirem as condições adequadas para serem bons profissionais. Mas já podem se orgulhar de ter feito um protesto inteligente, bem humorado e pacífico que vem mobilizando políticos, apresentadores de televisão, professores e, principalmente, estudantes que todos os dias convivem com situações semelhantes a essa.

4 comentários:

Nai Almeida disse...

Adorei o retrospecto Stephany, só faltou falar das máquinas que só chegaram depois da disciplina de fotografia e das aulas extras. O protesto continua ...

Giuliano Viscardi Golzio disse...

Representou bem nesse texto o que passamos. E temos de ser sensatos e continuar essa luta até que TODOS os prédios da UFPB estejam concluídos. #construcaoCQC na ativa!

Coisa e Tal disse...

Pronto, Naiane. Ai está um paragrafo falando das cameras.

Thays disse...

Bem legal o texto, Stephany. E mais uma adição pra nossa real condição... Nos temos os Macs mas não temos software para usar e nem internet. Grande ajudar um Mac que não faz nada, só liga. Mas lembrando que o foco do nosso protesto é principalmente o atraso das obras na UFPB, principalmente do nosso bloco!